Sutilmente...

Acomode-se e sinta a vida.

17:35

Amor urbano.

Postado por Fernanda Praisler |

Francine entrou no vagão segurando o braço do Seu Romeu, ela morria de medo dele se perder dela na hora que o trem chegava; não que ela só conseguiria cuidar dele se estivesse tendo algum contato físico, ela o encontraria em qualquer multidão, mas a hora do rush na Estação Sé não podia ser chamada de multidão. Entraram em um vagão que não estava lotado, porém não havia bancos disponíveis, então pediu para um homem todo engravatado que estava sentado no banco cinza mais próximo para que ele desse o seu lugar para seu avô. O homem a olhou como se ela acabasse de dizer um enorme absurdo.
-Quem você pensa que é? Mande seu avô ficar de pé, ele deve usar o sistema de metrô todos os dias, já está acostumado.
Francine ia responder, mas então um garoto do banco do lado levantou-se e ajudou Seu Romeu a sentar-se. Ela o olhou espantada, nunca aconteceu de alguém levantar de um banco comum pra dar lugar, ainda mais alguém da sua idade. Ela agradeceu e se apresentou, e o mesmo fez Ricardo. Eles então começaram a conversar durante todo o trajeto, enquanto ela conseguia ouvir o som de Pública saindo dos fones de ouvido que estavam no pescoço dele.
- Não ligue pro engravatado ali no banco não, numas estações pra trás ele não deu o lugar pra um moço de muletas, disse que as muletas davam um apoio melhor para o pobre coitado.
- Nossa, mas ele não percebeu que aquele é o banco especial?
- Isso ele percebeu, com certeza, mas não acredito que ele tenha entendido pra que serve.
Seu Romeu adormeceu com a cabeça encostada na janela, e eles percebiam que tinham muitas coisas em comum, e que uma hora ou outra iriam se encontrar, pois frequentavam os mesmos lugares.
Infelizmente a estação dele era a próxima e uma antes que a dela. Eles trocaram telefones e msn's e ele partiu por aquela porta de aço deslizante.
Ela acordou seu avô:
- A nossa estação é a próxima.
- Cadê o menininho que deu o lugar pra mim?
- Ele já desceu vô.
- A que pena, ele deve ter me achado um grosso por não agradecer.
Ela sorriu, sentiu que o avô ainda teria a chancede agradecer à Ricardo. O trem parou e eles desceram.

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